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Quando o Mapa se Torna Prisão

  • Foto do escritor: Raquel Silva
    Raquel Silva
  • 13 de mai.
  • 2 min de leitura

Tenho refletido muito sobre a forma como usamos — ou talvez devêssemos dizer, abusamos — do conhecimento esotérico. Ferramentas como a astrologia, tão antigas quanto a nossa necessidade de nos compreender, parecem hoje ser usadas, não como espelhos da alma, mas como moldes a que devemos conformar-nos. Como sentenças.



Diz-se, por exemplo, que quem tem Gémeos ligado às emoções "precisa de sentir mais". Mas será que o propósito dessa configuração é obrigar a pessoa a ser outra coisa? Ou será que existe ali uma inteligência emocional diferente, expressa através da palavra, da curiosidade, da multiplicidade?


É cruel dizer a alguém que nasceu com uma natureza mais mental que precisa “sentir mais”, como se estivesse a falhar. Tal como seria cruel dizer a uma pessoa cega que precisa “ver mais”. Estamos, assim, a aplicar uma norma, um ideal de “evolução” que não respeita a constituição energética única de cada ser.


A espiritualidade não é uma corrida para atingir um modelo perfeito de pessoa iluminada. O verdadeiro trabalho interior não passa por anular as nossas tendências naturais, mas por compreendê-las, refiná-las e integrá-las ao serviço da nossa expressão mais autêntica.


A astrologia, como qualquer saber simbólico, deveria ajudar-nos a perceber como funcionamos, e não o quão “desalinhados” estamos. Deveria libertar, não prender. Iluminar, não moralizar.


Mas muitas vezes, este tipo de leitura esotérica torna-se mais um mecanismo de controlo — externo e interno — que reforça ideias de insuficiência, carência, imperfeição. Como se estivéssemos sempre em falta, sempre a precisar de “curar” alguma coisa. Isso alimenta o desânimo aprendido, a sensação de não merecimento, o eterno “não sou bom o suficiente”.


E se, em vez de olhar para o mapa à procura do que está em falta, olhássemos para o que já está presente? Para os dons? Para as singularidades?


E se o verdadeiro caminho espiritual não fosse transformar-nos noutra pessoa — mais calma, mais emocional, mais serena —, mas sim tornar-nos pessoas mais inteiras dentro da nossa própria verdade?


Talvez esteja na hora de resgatar o sagrado das ferramentas simbólicas. Usá-las com humildade, como bússolas e não como jaulas. Com amor, e não com julgamento.

 
 
 

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