Nem tudo o que é terapêutico é terapia: por que importa distinguir?
- Raquel Silva
- 27 de mai.
- 3 min de leitura
Vivemos numa época em que o bem-estar é, felizmente, cada vez mais valorizado. Caminhar na natureza, ouvir música relaxante, pintar, conversar com pessoas amigas ou meditar são práticas que podem trazer alívio, conforto e clareza interior. Muitas vezes, dizemos que essas experiências “são terapêuticas”. E de facto são.
Mas será que isso significa que estamos a fazer terapia?
A resposta é: nem sempre. E distinguir uma coisa da outra não é apenas uma questão técnica – é uma questão de ética, de responsabilidade e de cuidado, tanto com quem oferece ajuda como com quem a procura.

O que é terapia?
Terapia é um processo intencional, estruturado e orientado por conhecimento profissional, com o objetivo de tratar ou aliviar o sofrimento físico, emocional, mental ou espiritual. Pode assumir muitas formas – psicoterapia, fisioterapia, acupuntura, Reiki clínico, entre outras – mas em todos os casos há um compromisso com a ética, a metodologia e o acompanhamento.
Uma terapia pressupõe:
Uma relação profissional entre terapeuta e cliente;
Um enquadramento teórico ou técnico;
Um plano de acompanhamento e avaliação contínua;
Formação específica e responsabilidade legal ou ética.
Em suma, a terapia é um espaço de transformação com um profissional que sustenta esse processo.
O que é terapêutico?
Por outro lado, algo é considerado terapêutico quando produz bem-estar ou alívio, mesmo que de forma espontânea, livre ou intuitiva. Pode ser uma caminhada, uma oração, uma leitura inspiradora, o contacto com a natureza, o silêncio ou a música. Não depende de um profissional, nem de um método estruturado – mas isso não lhe retira valor.
Ser terapêutico é:
Promover equilíbrio e harmonia;
Ajudar a aliviar tensões ou dores;
Estimular a presença, a criatividade, o autoconhecimento.
Um exemplo que ilustra bem esta distinção é o uso de um baralho terapêutico. Ao contrário de um baralho de adivinhação, o foco aqui é facilitar a autoexploração, dar nome a emoções, promover o insight e estimular o diálogo interior ou em contexto de acompanhamento. Pode ter um efeito profundamente terapêutico, mas não é, por si só, uma terapia.
Quando usado em consulta por um/a profissional com formação adequada, o baralho pode integrar-se num processo terapêutico estruturado. Fora desse contexto, pode ser uma excelente ferramenta de autocuidado, reflexão ou desenvolvimento pessoal — mas é importante reconhecer os seus limites. Assim, evitamos tanto a banalização como a sobrevalorização deste tipo de recurso.
Por que importa distinguir?
Para proteger quem procura ajuda
Nem tudo o que nos faz sentir bem é suficiente para resolver um sofrimento profundo. Distinguir entre o que é terapêutico e o que é terapia ajuda-nos a procurar o apoio certo, no momento certo.
Para respeitar os limites de quem cuida
Quem partilha algo terapêutico – como um workshop de escrita criativa, um retiro de silêncio ou uma prática energética – não está automaticamente a assumir o papel de terapeuta. E não deve sentir-se responsável por resolver questões clínicas que exigem outro tipo de abordagem.
Para cultivar uma cultura de bem-estar com responsabilidade
A popularização de práticas de bem-estar é uma bênção, mas também um desafio. É importante construir uma cultura que valorize os efeitos terapêuticos das experiências da vida, sem banalizar o papel da terapia.
Uma reflexão para terminar…
Que experiências na sua vida têm sido verdadeiramente terapêuticas?
E quando sentiu que precisava de um acompanhamento mais profundo, com alguém que guiasse num processo terapêutico?
Reconhecer essa diferença é um sinal de maturidade emocional e respeito por si – e por quem acompanha.
Nota editorial
A revisão do texto contou com o apoio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), utilizada como assistente na clarificação de ideias, revisão linguística e organização de conteúdos. As imagens foram geradas por inteligência artificial (Ideogram.ai) e editadas para fins ilustrativos.
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